Olá, caro leitor.
Sou, atualmente, presidente da coordenação executiva da JPSDB de Andradina/SP. Fui formalizado no cargo há pouco, mesmo já estando vivendo e respondendo como tal há algum tempo. Como sempre deixei bem claro, sou militante da Social-Democracia Brasileira desde os 18 anos e busco ser o mais atuante possível. Assumi a coordenação municipal da JPSDB com o apoio do, então, presidente do diretório municipal Marco Pilla, atual diretor-executivo do ITESP.
Neste tempo, fiz grandes amizades dentro da JPSDB país afora, mesmo que virtualmente. A internet (principalmente o Twitter) é ferramenta indispensável para se fazer e discutir política hoje-em-dia. Grandes tópicos iniciaram sua discussão no microblog.
Assumi a presidência da coordenação executiva num tempo em que as eleições para a coordenação estadual da JPSDB se aproximam. Neste tempo, algumas coisas aconteceram:
- formaram-se grupos de influência dentro da JPSDB/SP que prematuramente têm disputado apenas o poder e não têm fomentado o "discutir e apresentar modernização de idéias", prática indispensável em uma agremiação democrática como a JPSDB;
- o Twitter foi palco de discussões que beiraram a baixaria com alguns contando escabrosas mentiras para obter apoios. Propostas é que deveriam ser apresentadas e não mentiras.
A JPSDB/SP necessita de expansão, caros candidatos a presidente. O interior do Estado, onde me encontro, necessita de vocês, necessita de empenho e dedicação, de discussão implantação de idéias modernas onde a boa vontade é sufocada pelo clientelismo e coronelismo de antigos "donos". Os jovens do nosso Estado têm de se integrar em torno do bem-comum democrático, em torno das convicções que fizeram com que os fundadores do PSDB, tomados por uma chama social-democrata em seus corações, balançassem o cenário político brasileiro com idéias que se tornaram projetos e foram implantados com garboso sucesso.
É o "pulsar das ruas", do saudoso Franco Montoro, do que devemos nos aproximar e não ficar brigando inutilmente pelas "benesses do poder" sufocando os verdadeiros interesses de uma juventude que geme.
Posso ser ainda inexperiente na JPSDB, mas entendo de democracia o suficiente para ter a plena certeza de que o avanço está nas idéias. A diversidade é necessária para que a democracia supere a si própria. Entretanto, se a diversidade de idéias cega o entendimento político, precisamos vestir os óculos da humildade e buscar o discernimento que só o consenso proporciona.
Quero participar ativamente das mudanças que a JPSDB ainda vai trazer à política no Estado de SP e no Brasil.
É caindo que se aprende a voar. Às vezes, é preciso quebrar uma asa ou machucar o bico para tal intento. Mas, sem errar e sem tentar, não conseguiremos avançar. Vôo alto, tucaninhos!
terça-feira, 15 de março de 2011
quarta-feira, 22 de dezembro de 2010
Pensar ou não pensar
“Pensar é o trabalho mais difícil que existe. Talvez, por isso, tão poucos se dediquem a ele.”
(Henry Ford)
Olá, caro leitor. Um dia desses, um grande amigo tinha uma série de provas na faculdade e me disse ser o 'rei' da matéria cujo teste seria aplicado no dia seguinte. Após tal teste, comunicou-me não haver logrado êxito. Indaguei-o sobre a razão de ter falhado se me dissera ser o 'rei'. Então, me respondeu que era o 'rei' de um exercício específico e ele não estava na prova. Conto este caso particular, contando com o teu perdão, nobre leitor, para ilustrar o assunto de hoje. Vou dar o prosseguimento lógico à argumentação seguinte.
Muito me preocupa ver nossas crianças sendo conduzidas à repetição hoje em dia, além da grande preocupação apenas com o fim do planejamento anual dos componentes curriculares. Mais do que saber somar ou dividir números complexos, é importante que saibamos o que significa somar, dividir, ou seja, que dominemos o elementar, pensemos sobre ele e produzamos a partir do mesmo. O que menos se faz nas escolas é pensar. Ora, o filósofo já havia estabelecido: “Penso, logo existo”. O ato da reflexão foi abolido do ensino, abolido das universidades, estabelecendo o ciclo vicioso: o não-pensar escolar forma professores não-pensantes e não-filósofos o que, por sua vez, reflete o não-pensamento aos futuros alunos e assim por diante.
Erasmo de Rotterdam diz, em seu 'Elogio à Loucura' (uma indicação particular à tua leitura), que “as palavras são imagem sincera do pensamento”. Ora, se não há pensamento, então as palavras refratam, tornam-se turvas. Isto é, se transformam em 'retórica do nada'. Não quero aqui, meu caro, ser um intelectualóide que disserta sobre um assunto sem razão de ser. Pelo contrário, quero exortá-lo a pensar, a refletir sobre os resmungos aqui declinados.
Voltando à educação, o que mais me preocupa é a plena crença de alguns (ou muitos) em índices internacionais e nacionais maquilados, políticos, visando o controle do desgaste, que não levam em conta o poder de reflexão e de pensamento de nossas crianças, de nossos jovens. Para consolidar o Estado do Bem – Estar Social, caro leitor, precisamos refletir, pensar, pra podermos cobrar das autoridades competentes migrando de 'massa de manobra' para 'população consciente'.
Ainda em prol do pensamento livre, precisamos de mídia livre. Há um levante governamental (que ouso chamar de “modinha de uma falsa esquerda”) para cerceamento da mídia livre e, principalmente, da internet. Ora, a Web é livre por essência, assim nasceu, assim o é. Há que se regular mídia e web atualizando a legislação, já que a nossa é arcaica e ultrapassada, mas não podemos confundir censura com regulação. Além disso, não se pode aceitar 'esmolas' do poder de modo a moderar nos questionamentos e cobranças. Não temos jornais hoje, temos braços não-oficiais da mídia do governo, recebendo grande somas de dinheiro para calar as opiniões do poder em nós. Dinheiro cega o entendimento, freia o pensamento livre, condiciona a opinião.
Concluindo, precisamos realizar um grande 'big break' com esta cultura do não-pensamento. Há que se aproximar a comunidade da escola que, por sua vez, deve ser um ser independente e pensante. Temos de formar professores, filósofos, pensadores, cientistas e não meros 'reprodutores de informação', um prompter humano (ou não). Necessitamos de garantias expressas e plenas de imprensa livre, atuante, “longe das benesses do poder”, como diria o saudoso ex-governador de São Paulo Franco Montoro. Nossa sociedade deve se render e aprender com o 'porquê?' das crianças, ou seja, deveremos ser como nobres e ingênuos infantes novamente, instigados por descobrir cada centímetro da infinito e insondável universo do ser.
Felipe Fidalgo, 23, licenciado em Matemática pela FEIS – UNESP, mestrando em Matemática Aplicada pelo IMECC – UNICAMP. Atual presidente da Juventude do PSDB de Andradina.
( felipefidalgo@ime.unicamp.br / www.twitter.com/FelipeFidalgo45 )
(Henry Ford)
Olá, caro leitor. Um dia desses, um grande amigo tinha uma série de provas na faculdade e me disse ser o 'rei' da matéria cujo teste seria aplicado no dia seguinte. Após tal teste, comunicou-me não haver logrado êxito. Indaguei-o sobre a razão de ter falhado se me dissera ser o 'rei'. Então, me respondeu que era o 'rei' de um exercício específico e ele não estava na prova. Conto este caso particular, contando com o teu perdão, nobre leitor, para ilustrar o assunto de hoje. Vou dar o prosseguimento lógico à argumentação seguinte.
Muito me preocupa ver nossas crianças sendo conduzidas à repetição hoje em dia, além da grande preocupação apenas com o fim do planejamento anual dos componentes curriculares. Mais do que saber somar ou dividir números complexos, é importante que saibamos o que significa somar, dividir, ou seja, que dominemos o elementar, pensemos sobre ele e produzamos a partir do mesmo. O que menos se faz nas escolas é pensar. Ora, o filósofo já havia estabelecido: “Penso, logo existo”. O ato da reflexão foi abolido do ensino, abolido das universidades, estabelecendo o ciclo vicioso: o não-pensar escolar forma professores não-pensantes e não-filósofos o que, por sua vez, reflete o não-pensamento aos futuros alunos e assim por diante.
Erasmo de Rotterdam diz, em seu 'Elogio à Loucura' (uma indicação particular à tua leitura), que “as palavras são imagem sincera do pensamento”. Ora, se não há pensamento, então as palavras refratam, tornam-se turvas. Isto é, se transformam em 'retórica do nada'. Não quero aqui, meu caro, ser um intelectualóide que disserta sobre um assunto sem razão de ser. Pelo contrário, quero exortá-lo a pensar, a refletir sobre os resmungos aqui declinados.
Voltando à educação, o que mais me preocupa é a plena crença de alguns (ou muitos) em índices internacionais e nacionais maquilados, políticos, visando o controle do desgaste, que não levam em conta o poder de reflexão e de pensamento de nossas crianças, de nossos jovens. Para consolidar o Estado do Bem – Estar Social, caro leitor, precisamos refletir, pensar, pra podermos cobrar das autoridades competentes migrando de 'massa de manobra' para 'população consciente'.
Ainda em prol do pensamento livre, precisamos de mídia livre. Há um levante governamental (que ouso chamar de “modinha de uma falsa esquerda”) para cerceamento da mídia livre e, principalmente, da internet. Ora, a Web é livre por essência, assim nasceu, assim o é. Há que se regular mídia e web atualizando a legislação, já que a nossa é arcaica e ultrapassada, mas não podemos confundir censura com regulação. Além disso, não se pode aceitar 'esmolas' do poder de modo a moderar nos questionamentos e cobranças. Não temos jornais hoje, temos braços não-oficiais da mídia do governo, recebendo grande somas de dinheiro para calar as opiniões do poder em nós. Dinheiro cega o entendimento, freia o pensamento livre, condiciona a opinião.
Concluindo, precisamos realizar um grande 'big break' com esta cultura do não-pensamento. Há que se aproximar a comunidade da escola que, por sua vez, deve ser um ser independente e pensante. Temos de formar professores, filósofos, pensadores, cientistas e não meros 'reprodutores de informação', um prompter humano (ou não). Necessitamos de garantias expressas e plenas de imprensa livre, atuante, “longe das benesses do poder”, como diria o saudoso ex-governador de São Paulo Franco Montoro. Nossa sociedade deve se render e aprender com o 'porquê?' das crianças, ou seja, deveremos ser como nobres e ingênuos infantes novamente, instigados por descobrir cada centímetro da infinito e insondável universo do ser.
Felipe Fidalgo, 23, licenciado em Matemática pela FEIS – UNESP, mestrando em Matemática Aplicada pelo IMECC – UNICAMP. Atual presidente da Juventude do PSDB de Andradina.
( felipefidalgo@ime.unicamp.br / www.twitter.com/FelipeFidalgo45 )
quinta-feira, 28 de outubro de 2010
Carta à candidata Dilma, por Ruth Rocha
Olá, caros leitores! Faz tempo que não venho aqui, mas voltarei com mais frequencia agora. A campanha de Dilma Rousseff incluiu, dentre outros nomes, o nome da escritora Ruth Rocha em uma lista de intelectuais e artistas que a apoiam. Ruth não apóia Dilma, assim como outros que estao naquela lista. Segue, abaixo, uma carta de esclarecimento partindo da escritora. Boa leitura, pense nisso!
Carta à candidata Dilma
Meu nome foi incluído no manifesto de intelectuais em seu apoio. Eu não a apóio. Incluir meu nome naquele manifesto é um desaforo! Mesmo que a apoiasse, não fui consultada. Seria um desaforo da mesma forma. Os mais distraídos dirão que, na correria de uma campanha... “acontece“. Acontece mas não pode acontecer. Na verdade esse tipo de descuido revela duas coisas: falta de educação e a porção autoritária cada vez mais visível no PT. Um grupo dominante dentro do partido que quer vencer a qualquer custo e por qualquer meio.
Acho que todos sabem do que estou falando.
O PT surgiu com o bom sonho de dar voz aos trabalhadores mas embriagou-se com os vapores do poder. O partido dos princípios tornou-se o partido do pragmatismo total. Essa transformação teve um “abrakadabra” na miserável história do mensalão . Na época o máximo que saiu dos lábios desmoralizados de suas lideranças foi um débil “os outros também fazem...”. De lá pra cá foi um Deus nos acuda!
Pena. O PT ainda não entendeu o seu papel na redemocratização brasileira. Desde a retomada da democracia no meio da década de 80 o Brasil vem melhorando; mesmo governos contestados como os de Sarney e Collor (estes, sim, apóiam a sua candidatura) trouxeram contribuições para a reconstrução nacional após o desastre da ditadura.
Com o Plano Cruzado, Sarney tentou desatar o nó de uma inflação que parecia não ter fim. Não deu certo mas os erros do Plano Cruzado ensinaram os planos posteriores cujos erros ensinaram os formuladores do Plano Real.
É incrível mas até Collor ajudou. A abertura da economia brasileira, mesmo que atabalhoada, colocou na sala de visitas uma questão geralmente (mal) tratada na cozinha.
O enigmático Itamar, vice de Collor, escreveu seu nome na história econômica ao presidir o início do Plano Real. Foi sucedido por FHC, o presidente que preparou o país para a vida democrática. FHC errou aqui e ali. Mas acertou de monte. Implantou o Real, desmontou os escombros dos bancos estaduais falidos, criou formas de controle social como a lei de responsabilidade fiscal, socializou a oferta de escola para as crianças. Queira o presidente Lula ou não, foi com FHC que o mundo começou a perceber uma transformação no Brasil.
E veio Lula. Seu maior acerto contrariou a descrença da academia aos planos populistas. Lula transformou os planos distributivistas do governo FHC no retumbante Bolsa Família. Os resultados foram evidentes. Apesar de seu populismo descarado, o fato é que uma camada enorme da população foi trazida a um patamar mínimo de vida.
Não me cabem considerações próprias a estudiosos em geral, jornalistas, economistas ou cientistas políticos. Meu discurso é outro: é a democracia que permite a transformação do país. A dinâmica democrática favorece a mudança das prioridades. Todos os indicadores sociais melhoraram com a democracia. Não foi o Lula quem fez. Votando, denunciando e cobrando foi a sociedade brasileira, usando as ferramentas da democracia, quem está empurrando o país para a frente. O PT tem a ver com isso. O PSDB também tem assim como todos os cidadãos brasileiros. Mas não foi o PT quem fez, nem Lula, muito menos a Dilma. Foi a democracia. Foram os presidentes desta fase da vida brasileira. Cada um com seus méritos e deméritos. Hoje eu penso como deva ser tratada a nossa democracia. Pensei em três pontos principais.
1) desprezo ao culto à personalidade;
2) promoção da rotação do poder; nossos partidos tendem ao fisiologismo. O PT então...
3) escolher quem entenda ser a educação a maior prioridade nacional.
Por falar em educação. Por favor, risque meu nome de seu caderno. Meu voto não vai para Dilma.
SP, 25/10/2010
Ruth Rocha, escritora.
Fonte: Blog do Noblat
Carta à candidata Dilma
Meu nome foi incluído no manifesto de intelectuais em seu apoio. Eu não a apóio. Incluir meu nome naquele manifesto é um desaforo! Mesmo que a apoiasse, não fui consultada. Seria um desaforo da mesma forma. Os mais distraídos dirão que, na correria de uma campanha... “acontece“. Acontece mas não pode acontecer. Na verdade esse tipo de descuido revela duas coisas: falta de educação e a porção autoritária cada vez mais visível no PT. Um grupo dominante dentro do partido que quer vencer a qualquer custo e por qualquer meio.
Acho que todos sabem do que estou falando.
O PT surgiu com o bom sonho de dar voz aos trabalhadores mas embriagou-se com os vapores do poder. O partido dos princípios tornou-se o partido do pragmatismo total. Essa transformação teve um “abrakadabra” na miserável história do mensalão . Na época o máximo que saiu dos lábios desmoralizados de suas lideranças foi um débil “os outros também fazem...”. De lá pra cá foi um Deus nos acuda!
Pena. O PT ainda não entendeu o seu papel na redemocratização brasileira. Desde a retomada da democracia no meio da década de 80 o Brasil vem melhorando; mesmo governos contestados como os de Sarney e Collor (estes, sim, apóiam a sua candidatura) trouxeram contribuições para a reconstrução nacional após o desastre da ditadura.
Com o Plano Cruzado, Sarney tentou desatar o nó de uma inflação que parecia não ter fim. Não deu certo mas os erros do Plano Cruzado ensinaram os planos posteriores cujos erros ensinaram os formuladores do Plano Real.
É incrível mas até Collor ajudou. A abertura da economia brasileira, mesmo que atabalhoada, colocou na sala de visitas uma questão geralmente (mal) tratada na cozinha.
O enigmático Itamar, vice de Collor, escreveu seu nome na história econômica ao presidir o início do Plano Real. Foi sucedido por FHC, o presidente que preparou o país para a vida democrática. FHC errou aqui e ali. Mas acertou de monte. Implantou o Real, desmontou os escombros dos bancos estaduais falidos, criou formas de controle social como a lei de responsabilidade fiscal, socializou a oferta de escola para as crianças. Queira o presidente Lula ou não, foi com FHC que o mundo começou a perceber uma transformação no Brasil.
E veio Lula. Seu maior acerto contrariou a descrença da academia aos planos populistas. Lula transformou os planos distributivistas do governo FHC no retumbante Bolsa Família. Os resultados foram evidentes. Apesar de seu populismo descarado, o fato é que uma camada enorme da população foi trazida a um patamar mínimo de vida.
Não me cabem considerações próprias a estudiosos em geral, jornalistas, economistas ou cientistas políticos. Meu discurso é outro: é a democracia que permite a transformação do país. A dinâmica democrática favorece a mudança das prioridades. Todos os indicadores sociais melhoraram com a democracia. Não foi o Lula quem fez. Votando, denunciando e cobrando foi a sociedade brasileira, usando as ferramentas da democracia, quem está empurrando o país para a frente. O PT tem a ver com isso. O PSDB também tem assim como todos os cidadãos brasileiros. Mas não foi o PT quem fez, nem Lula, muito menos a Dilma. Foi a democracia. Foram os presidentes desta fase da vida brasileira. Cada um com seus méritos e deméritos. Hoje eu penso como deva ser tratada a nossa democracia. Pensei em três pontos principais.
1) desprezo ao culto à personalidade;
2) promoção da rotação do poder; nossos partidos tendem ao fisiologismo. O PT então...
3) escolher quem entenda ser a educação a maior prioridade nacional.
Por falar em educação. Por favor, risque meu nome de seu caderno. Meu voto não vai para Dilma.
SP, 25/10/2010
Ruth Rocha, escritora.
Fonte: Blog do Noblat
quinta-feira, 15 de abril de 2010
Até tu, Bruto!
Olá, caro leitor! Assistir ao Big Brother Brasil é sempre terrível para mim. Muitos dizem que é uma experiência maravilhosa com seres humanos, outros acreditam que é uma boa maneira de se tornar um milionário. Agora, uma certa parcela da população brasileira, na qual eu me incluo, acredita que tal programa não é, nem de longe, um reality show, como é chamado, já que se afasta da realidade por completo. Mas esta não é a questão deste artigo.
Durante o intervalo comercial na Rede Globo, havia um repórter que entrevistava as pessoas, querendo saber o que estavam achando do programa e dos temas que lá eram debatidos entre os internos. Me deparei com algo que me interessou: certa moça disse querer que um dos participantes, chamado Carlos Eduardo, o Cadu, fosse o campeão pois ele era fiel, já que havia “deixado alguém fora da casa” e não se relacionara com ninguém durante o programa.
Foi inevitável ficar pensando naquele fato: por que a fidelidade é tão exaltada em nossos dias, já que ela deveria ser obrigação de cada cidadão?
Fidelidade é uma qualidade que sempre está em debate: debatemos a fidelidade nos relacionamentos (inclusive com estudos científicos que visam entender a infidelidade conjugal), a fidelidade político-partidária, a fidelidade a um ideal ou a uma teoria. As produções cinematográficas, as novelas, os livros trazem exemplos de infidelidade e fidelidade. Um grande exemplo que temos em nossa literatura é a discussão que Machado de Assis suscita, até hoje, em todos nós: Capitu, traiu ou não? Associamos até os animais a tal qualidade dizendo, por exemplo, que a fidelidade do cão o torna nosso melhor amigo. Enfim, tal tema é recorrente nas discussões que fazemos, que ouvimos ou lemos. Alguns pontos que podemos nos concentrar para responder essa pergunta:
Primeiro, a fidelidade pode não ser uma das qualidades que mais buscamos aperfeiçoar na construção de nosso caráter. Muitas das qualidades que temos advêm de nossa formação pessoal: desde bebês estamos expostos a uma pluralidade de situações que as revelam, sendo elas boas ou más. Mesmo não sendo algo benéfico para nossa formação, presenciamos cenas e discussões que nos marcam ad eternum e nos fazem encarar algumas situações conflitantes com frieza e naturalidade, como a traição conjugal. Não podemos esquecer de patologias psicológicas que possam conduzir a esta conduta.
Segundo, tratamos a fidelidade como um tema distante, possuído por um grupo seleto, os fiéis (sem fazer qualquer menção religiosa). Quantas vezes procuramos pensar sobre o que nos levaria a sermos ou não fiéis a alguém ou a algo? Entretanto, pensamos nos bons motivos que nos levam a buscar desenfreadamente o dinheiro e a ascensão social, sem nem nos preocuparmos se estamos passando por cima de todos os adjetivos que consideramos “moralmente válidos”, como a fidelidade. Ou seja, a fidelidade é uma das qualidades mais pisoteadas, enforcadas, cuspidas, guilhotinadas e assassinadas pela humanidade.
Acredito que o modo correto não é procurar fiéis, mas, sim, buscar aperfeiçoar a nossa fidelidade, nos possibilitando reconhecer os infiéis, a priori, sabendo que os outros dividem conosco a tão almejada fidelidade. Desse modo, devemos deixar claro o quanto queremos que a fidelidade seja algo natural de nossa geração e não algo a ser exaltado e que, pelo contrário, o que deve ser permanentemente combatido é a infidelidade.
Por fim, pensar em fidelidade me faz pensar na mítica cena romana em que Júlio César, ao ser golpeado para a morte, diz a seu antigo protegido, o senador Marco Júnio Bruto: “Et tu, Brute?”.
***
Acessem meu novo blog http://blogfelipefidalgo.blogspot.com onde escrevo regularmente e adiciono os artigos aqui não publicados
Felipe Delfini Caetano Fidalgo é licenciado em Matemática pela FEIS – UNESP, mestrando em Matemática Aplicada pelo IMECC – UNICAMP e pertence à Juventude do PSDB de Andradina.
E-mail: felipefidalgo@ime.unicamp.br - Twitter: http://www.twitter.com/FidalgoFelipe
Artigo publicado em O Jornal da Região de Andradina/SP no dia 14/04/2010.
Durante o intervalo comercial na Rede Globo, havia um repórter que entrevistava as pessoas, querendo saber o que estavam achando do programa e dos temas que lá eram debatidos entre os internos. Me deparei com algo que me interessou: certa moça disse querer que um dos participantes, chamado Carlos Eduardo, o Cadu, fosse o campeão pois ele era fiel, já que havia “deixado alguém fora da casa” e não se relacionara com ninguém durante o programa.
Foi inevitável ficar pensando naquele fato: por que a fidelidade é tão exaltada em nossos dias, já que ela deveria ser obrigação de cada cidadão?
Fidelidade é uma qualidade que sempre está em debate: debatemos a fidelidade nos relacionamentos (inclusive com estudos científicos que visam entender a infidelidade conjugal), a fidelidade político-partidária, a fidelidade a um ideal ou a uma teoria. As produções cinematográficas, as novelas, os livros trazem exemplos de infidelidade e fidelidade. Um grande exemplo que temos em nossa literatura é a discussão que Machado de Assis suscita, até hoje, em todos nós: Capitu, traiu ou não? Associamos até os animais a tal qualidade dizendo, por exemplo, que a fidelidade do cão o torna nosso melhor amigo. Enfim, tal tema é recorrente nas discussões que fazemos, que ouvimos ou lemos. Alguns pontos que podemos nos concentrar para responder essa pergunta:
Primeiro, a fidelidade pode não ser uma das qualidades que mais buscamos aperfeiçoar na construção de nosso caráter. Muitas das qualidades que temos advêm de nossa formação pessoal: desde bebês estamos expostos a uma pluralidade de situações que as revelam, sendo elas boas ou más. Mesmo não sendo algo benéfico para nossa formação, presenciamos cenas e discussões que nos marcam ad eternum e nos fazem encarar algumas situações conflitantes com frieza e naturalidade, como a traição conjugal. Não podemos esquecer de patologias psicológicas que possam conduzir a esta conduta.
Segundo, tratamos a fidelidade como um tema distante, possuído por um grupo seleto, os fiéis (sem fazer qualquer menção religiosa). Quantas vezes procuramos pensar sobre o que nos levaria a sermos ou não fiéis a alguém ou a algo? Entretanto, pensamos nos bons motivos que nos levam a buscar desenfreadamente o dinheiro e a ascensão social, sem nem nos preocuparmos se estamos passando por cima de todos os adjetivos que consideramos “moralmente válidos”, como a fidelidade. Ou seja, a fidelidade é uma das qualidades mais pisoteadas, enforcadas, cuspidas, guilhotinadas e assassinadas pela humanidade.
Acredito que o modo correto não é procurar fiéis, mas, sim, buscar aperfeiçoar a nossa fidelidade, nos possibilitando reconhecer os infiéis, a priori, sabendo que os outros dividem conosco a tão almejada fidelidade. Desse modo, devemos deixar claro o quanto queremos que a fidelidade seja algo natural de nossa geração e não algo a ser exaltado e que, pelo contrário, o que deve ser permanentemente combatido é a infidelidade.
Por fim, pensar em fidelidade me faz pensar na mítica cena romana em que Júlio César, ao ser golpeado para a morte, diz a seu antigo protegido, o senador Marco Júnio Bruto: “Et tu, Brute?”.
***
Acessem meu novo blog http://blogfelipefidalgo.blogspot.com onde escrevo regularmente e adiciono os artigos aqui não publicados
Felipe Delfini Caetano Fidalgo é licenciado em Matemática pela FEIS – UNESP, mestrando em Matemática Aplicada pelo IMECC – UNICAMP e pertence à Juventude do PSDB de Andradina.
E-mail: felipefidalgo@ime.unicamp.br - Twitter: http://www.twitter.com/FidalgoFelipe
Artigo publicado em O Jornal da Região de Andradina/SP no dia 14/04/2010.
quarta-feira, 31 de março de 2010
A administração com responsabilidade: o balanço!
Olá, caro leitor! Dois eventos quase simultâneos ficarão na memória (ainda que acredito que curta) de todos nós para esta semana. Um deles já aconteceu, que foi o lançamento do PAC 2, pelo Presidente Lula e pela, agora, ex-ministra-chefe da Casa Civil. O outro, a prestação de contas do Governo de São Paulo pelo seu governador José Serra.
No primeiro, Dilma (mais ela do que Lula, já que é a mãe do PAC), anunciou um conjunto de sobras do PAC 1, embrulhado pra presente, que custará em torno de R$1,59 trilhão aos cofres públicos. Esse conjunto de obras foi anunciado, teóricamente, permeando vários aspectos como saneamento, infra-estrutura e, principalmente, energia. Ela alfinetou o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso dizendo que "não faltará energia no Brasil". O que não podemos esquecer é que 54% do PAC 1 não saiu do papel. Ou seja, é notório o caráter eleitoreiro do evento colocando a minstra em um pedestal como se todas as realizações do PAC, realmente, tivessem transformado nosso Brasil, o que não ocorreu, de fato. Pelo contrário, com políticas populistas de Lula, os municípios ficaram sem verba, sem o dinheiro necessário e suficiente para a realização do PAC por parte das cidades. É fácil dizer que fez sua parte e que os municipios é que precisam fazer a parte deles.
No outro, José Serra fará uma cerimônia, hoje, às 15h, no Palácio dos Bandeirantes, em São Paulo, para prestar contas à população sobre as realizações dos quatro anos de governo no Estado de São Paulo. Nesses quatro anos de Governo Serra, o "PAC de São Paulo", usando uma comparação já que este programa não existe no estado, investiu 30% que o PAC de Lula. Isto é, 30% a mais do que o PAC de todo o País fez foi realizado apenas no Estado de São Paulo. Expansão e melhoras significativas no transporte público do Estado, muitos, mas muitos hospitais mesmo, garantindo infra-estrutura de tratamentos e de Saúde em São Paulo, como por exemplo os AMEs (Ambulatórios Médicos de Especialidades) foram espalhados por todo o estado, a criação do Centro de Reabilitação Lucy Montoro, hospitais em áreas críticas. Além de muitas escolas técnicas e faculdades tecnológicas garantindo preparação profissional para todos, inclusive em Heliópolis, grande favela de São Paulo, vicinais reconstruidas, nova Marginal Tietê
O que aqui foi apresentado não são factóides, são fatos. Não vamos deixar que nos enganem, que nos ludibriem com falsos dados. Temos que ter cautela ao analisarmos realizações e biografias.
Dilma sai do governo anunciando obras novas, sem que a maioria das obras fossem concluiídas. Serra sai do governo anunciando tudo aquilo que fez. Se querem comparar, vamos comparar! Vamos comparar com responsabilidade e checar os balanços das realizações.
No primeiro, Dilma (mais ela do que Lula, já que é a mãe do PAC), anunciou um conjunto de sobras do PAC 1, embrulhado pra presente, que custará em torno de R$1,59 trilhão aos cofres públicos. Esse conjunto de obras foi anunciado, teóricamente, permeando vários aspectos como saneamento, infra-estrutura e, principalmente, energia. Ela alfinetou o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso dizendo que "não faltará energia no Brasil". O que não podemos esquecer é que 54% do PAC 1 não saiu do papel. Ou seja, é notório o caráter eleitoreiro do evento colocando a minstra em um pedestal como se todas as realizações do PAC, realmente, tivessem transformado nosso Brasil, o que não ocorreu, de fato. Pelo contrário, com políticas populistas de Lula, os municípios ficaram sem verba, sem o dinheiro necessário e suficiente para a realização do PAC por parte das cidades. É fácil dizer que fez sua parte e que os municipios é que precisam fazer a parte deles.
No outro, José Serra fará uma cerimônia, hoje, às 15h, no Palácio dos Bandeirantes, em São Paulo, para prestar contas à população sobre as realizações dos quatro anos de governo no Estado de São Paulo. Nesses quatro anos de Governo Serra, o "PAC de São Paulo", usando uma comparação já que este programa não existe no estado, investiu 30% que o PAC de Lula. Isto é, 30% a mais do que o PAC de todo o País fez foi realizado apenas no Estado de São Paulo. Expansão e melhoras significativas no transporte público do Estado, muitos, mas muitos hospitais mesmo, garantindo infra-estrutura de tratamentos e de Saúde em São Paulo, como por exemplo os AMEs (Ambulatórios Médicos de Especialidades) foram espalhados por todo o estado, a criação do Centro de Reabilitação Lucy Montoro, hospitais em áreas críticas. Além de muitas escolas técnicas e faculdades tecnológicas garantindo preparação profissional para todos, inclusive em Heliópolis, grande favela de São Paulo, vicinais reconstruidas, nova Marginal Tietê
O que aqui foi apresentado não são factóides, são fatos. Não vamos deixar que nos enganem, que nos ludibriem com falsos dados. Temos que ter cautela ao analisarmos realizações e biografias.
Dilma sai do governo anunciando obras novas, sem que a maioria das obras fossem concluiídas. Serra sai do governo anunciando tudo aquilo que fez. Se querem comparar, vamos comparar! Vamos comparar com responsabilidade e checar os balanços das realizações.
segunda-feira, 29 de março de 2010
A comparação que queremos
Bom dia, caro leitor! As eleições deste ano estão se aproximando e os principais pré-candidatos aos cargos do executivo, ou já anunciaram-se como tal, ou estão em vias de fazê-lo, visto que muitos ocupam cargos públicos executivos e precisam desincompatibilizar-se até o final deste mês. Muitas das propagandas de partidos já estão no ar, preparando o eleitorado para a campanha do segundo semestre. As comparações neste período são inevitáveis e algumas, até mesmo, irresponsáveis.
Há um bom tempo, nosso Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), tem desmerecido aquilo que o ex-Presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e sua equipe de governo fizeram durante os 8 anos. Mais que isso, tem zombado das realizações de seus antecessores dizendo aquela célebre frase “Nunca antes na História desse País...”. Espero, realmente, que o Presidente se lembre da História recente desse país quando diz tal frase. Mais até: espero que ele esteja guardando as respectivas proporções de períodos históricos, já que o Brasil de 2010 é bem melhor que o Brasil de 2002 que, por sua vez, era melhor que o Brasil de 1994. Quanto ao governo anterior, há que se pontuar algumas coisas.
A primeira delas é que FHC nunca se prendeu à popularidade viciosa que gera, na maioria das vezes, governos populistas. Temos que nos lembrar que muitas das realizações de um governo são pautadas em Ciência, e não em senso comum popular. Ou seja, a popularidade pode vir do carisma e, não, necessariamente de um bom governo. Aos apaixonados, não estou criticando Lula, mas a sua possível ingratidão aos fatos passados. E mais: muitos dizem que somos “neoliberais”, sem mesmo entender o que é isso, sem mesmo entender o welfare state ou nossa Social-Democracia.
Lula fez, sempre, questão de referir-se a algo que ele chama de “herança maldita” que é composta de estagnação econômica e falta de programas sociais. Vamos relembrar algumas coisas.
A primeira delas é o Plano Real, moeda forte e vigorosa que veio pra ficar, espantando de vez a hiperinflação que houve nos governos anteriores a Itamar Franco, visto que nossa moeda foi criada pelo então Ministro da Fazenda de Itamar, FHC. Já no governo tucano, tivemos a abertura da nossa economia ao capital privado, permitindo a universalização e popularização da telefonia fixa e móvel e, em seguida, a expansão da internet, algo indispensável para a população hoje em dia. Além disso, FHC aprovou a quebra do monopólio estatal sobre a exploração de Petróleo (a qual Lula e o PT foram contrários), permitindo que empresas privadas, como a OGX (empresa de Eike Batista que tem trabalhado na camada pré-sal), encontrassem (e explorassem) aquilo que tem sido pauta de páginas e páginas de jornais: o Pré-Sal. Como ele pode querer os louros pra si próprio, mentindo?
Como podemos dizer que não houve avanço social? Foi no governo do sociólogo FHC que foi criada a Rede de Proteção Social, constituída pelos doze seguintes programas: Bolsa-Alimentação, o PETI – Programa de Erradicação do Trabalho Infantil, o Bolsa-Escola, o Auxílio-Gás, o Programa Brasil-Jovem, os abonos do PIS/PASEP, a Bolsa-Qualificação, o Seguro-Desemprego, o Seguro-Safra, o Benefício de Prestação Continuada e a Renda Mensal Vitalícia. Tamanha abrangência de programas sociais não pode ser negada e nem escondida. E mais: você sabia que o Bolsa-Família, bandeira do governo que aí está é uma junção de quatro dos programas da Rede de Proteção Social? Poucos sabem disso, pois Lula prefere atacar ao invés de dizer: nós encampamos e continuamos este maravilhoso e abrangente programa.
Quero terminar dizendo uma frase do artigo “Sem Medo do Passado”, escrito por FHC (disponível em meu blog): “Se o Lulismo quiser comparar, sem mentir e sem descontextualizar, a briga é boa. Nada a temer.” Essa é a comparação que queremos, aquela em que realmente nada é omitido e nem mentido. Lula não precisa disso. Já a Dilma...
***
PS: Meu penúltimo artigo a este Jornal rendeu-me e-mails, com críticas à minha postura como articulista. Assim, reforço que sou defensor da livre-imprensa e da liberdade de expressão, garantidas pela Constituição. Gostaria de convidar aqueles que não concordam comigo a iniciarmos um debate sadio através de argumentação coerente neste Jornal, que divide comigo a defesa da pluralidade de opinião. Quem ganhará com isso é a população, graças à Democracia Brasileira.
Felipe Delfini Caetano Fidalgo é licenciado em Matemática pela FEIS-UNESP, mestrando em Matemática Aplicada pelo IMECC-UNICAMP. Pertence à Juventude do PSDB de Andradina
E-mail: felipefidalgo@ime.unicamp.br / Blog: http://blogfelipefidalgo.blogspot.com / Twitter:@FidalgoFelipe
Artigo a ser publicado em O Jornal da Região de Andradina.
Há um bom tempo, nosso Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), tem desmerecido aquilo que o ex-Presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e sua equipe de governo fizeram durante os 8 anos. Mais que isso, tem zombado das realizações de seus antecessores dizendo aquela célebre frase “Nunca antes na História desse País...”. Espero, realmente, que o Presidente se lembre da História recente desse país quando diz tal frase. Mais até: espero que ele esteja guardando as respectivas proporções de períodos históricos, já que o Brasil de 2010 é bem melhor que o Brasil de 2002 que, por sua vez, era melhor que o Brasil de 1994. Quanto ao governo anterior, há que se pontuar algumas coisas.
A primeira delas é que FHC nunca se prendeu à popularidade viciosa que gera, na maioria das vezes, governos populistas. Temos que nos lembrar que muitas das realizações de um governo são pautadas em Ciência, e não em senso comum popular. Ou seja, a popularidade pode vir do carisma e, não, necessariamente de um bom governo. Aos apaixonados, não estou criticando Lula, mas a sua possível ingratidão aos fatos passados. E mais: muitos dizem que somos “neoliberais”, sem mesmo entender o que é isso, sem mesmo entender o welfare state ou nossa Social-Democracia.
Lula fez, sempre, questão de referir-se a algo que ele chama de “herança maldita” que é composta de estagnação econômica e falta de programas sociais. Vamos relembrar algumas coisas.
A primeira delas é o Plano Real, moeda forte e vigorosa que veio pra ficar, espantando de vez a hiperinflação que houve nos governos anteriores a Itamar Franco, visto que nossa moeda foi criada pelo então Ministro da Fazenda de Itamar, FHC. Já no governo tucano, tivemos a abertura da nossa economia ao capital privado, permitindo a universalização e popularização da telefonia fixa e móvel e, em seguida, a expansão da internet, algo indispensável para a população hoje em dia. Além disso, FHC aprovou a quebra do monopólio estatal sobre a exploração de Petróleo (a qual Lula e o PT foram contrários), permitindo que empresas privadas, como a OGX (empresa de Eike Batista que tem trabalhado na camada pré-sal), encontrassem (e explorassem) aquilo que tem sido pauta de páginas e páginas de jornais: o Pré-Sal. Como ele pode querer os louros pra si próprio, mentindo?
Como podemos dizer que não houve avanço social? Foi no governo do sociólogo FHC que foi criada a Rede de Proteção Social, constituída pelos doze seguintes programas: Bolsa-Alimentação, o PETI – Programa de Erradicação do Trabalho Infantil, o Bolsa-Escola, o Auxílio-Gás, o Programa Brasil-Jovem, os abonos do PIS/PASEP, a Bolsa-Qualificação, o Seguro-Desemprego, o Seguro-Safra, o Benefício de Prestação Continuada e a Renda Mensal Vitalícia. Tamanha abrangência de programas sociais não pode ser negada e nem escondida. E mais: você sabia que o Bolsa-Família, bandeira do governo que aí está é uma junção de quatro dos programas da Rede de Proteção Social? Poucos sabem disso, pois Lula prefere atacar ao invés de dizer: nós encampamos e continuamos este maravilhoso e abrangente programa.
Quero terminar dizendo uma frase do artigo “Sem Medo do Passado”, escrito por FHC (disponível em meu blog): “Se o Lulismo quiser comparar, sem mentir e sem descontextualizar, a briga é boa. Nada a temer.” Essa é a comparação que queremos, aquela em que realmente nada é omitido e nem mentido. Lula não precisa disso. Já a Dilma...
***
PS: Meu penúltimo artigo a este Jornal rendeu-me e-mails, com críticas à minha postura como articulista. Assim, reforço que sou defensor da livre-imprensa e da liberdade de expressão, garantidas pela Constituição. Gostaria de convidar aqueles que não concordam comigo a iniciarmos um debate sadio através de argumentação coerente neste Jornal, que divide comigo a defesa da pluralidade de opinião. Quem ganhará com isso é a população, graças à Democracia Brasileira.
Felipe Delfini Caetano Fidalgo é licenciado em Matemática pela FEIS-UNESP, mestrando em Matemática Aplicada pelo IMECC-UNICAMP. Pertence à Juventude do PSDB de Andradina
E-mail: felipefidalgo@ime.unicamp.br / Blog: http://blogfelipefidalgo.blogspot.com / Twitter:@FidalgoFelipe
Artigo a ser publicado em O Jornal da Região de Andradina.
Estréia - Sem medo do passado - Fernando Henrique Cardoso
Olá, caros amigos! Inicio mais esse blog (também possuo o blog pessoal blog-hamburger.blogspot.com) colaborando com minha opinião sobre vários assuntos e publicando aquilo que é interessante. Espero que visitem os dois blogs.
Inicio este com um artigo do ex-Presidente da República, Fernando Henrique Cardoso.
Sem medo do Passado
Fernando Henrique Cardoso
O presidente Lula passa por momentos de euforia que o levam a inventar inimigos e enunciar inverdades. Para ganhar sua guerra imaginária distorce o ocorrido no governo do antecessor, autoglorifica-se na comparação e sugere que, se a oposição ganhar, será o caos.
Por trás dessas bravatas está o personalismo e o fantasma da intolerância: só eu e os meus somos capazes de tanta glória. Houve quem dissesse "o Estado sou eu". Lula dirá: "o Brasil sou eu!" Ecos de um autoritarismo mais chegado à direita.
Lamento que Lula se deixe contaminar por impulsos tão toscos e perigosos. Ele possui méritos de sobra para defender a candidatura que queira. Deu passos adiante no que fora plantado por seus antecessores. Para que, então, baixar o nível da política à dissimulação e à mentira?
A estratégia do petismo-lulista é simples: desconstruir o inimigo principal, o PSDB e FHC (muita honra para um pobre marquês...). Por que seríamos o inimigo principal? Porque podemos ganhar as eleições.
Como desconstruir o inimigo? Negando o que de bom foi feito e apossando-se de tudo que dele herdaram como se deles sempre tivesse sido. Onde está a política mais consciente e benéfica para todos? No ralo.
Na campanha haverá um mote — o governo do PSDB foi "neoliberal" — e dois alvos principais: a privatização das estatais e a suposta inação na área social.
Os dados dizem outra coisa. Mas, os dados, ora os dados... O que conta é repetir a versão conveniente.
Há três semanas, Lula disse que recebeu um governo estagnado, sem plano de desenvolvimento. Esqueceu-se da estabilidade da moeda, da lei de responsabilidade fiscal, da recuperação do BNDES, da modernização da Petrobras, que triplicou a produção depois do fim do monopólio e, premida pela competição e beneficiada pela flexibilidade, chegou à descoberta do pré-sal.
Esqueceu-se do fortalecimento do Banco do Brasil, capitalizado com mais de R$ 6 bilhões e, junto com a Caixa Econômica, libertados da politicagem e recuperados para a execução de políticas de Estado.
Esqueceu-se dos investimentos do programa Avança Brasil, que, com menos alarde e mais eficiência que o PAC, permitiu concluir um número maior de obras essenciais ao país.
Esqueceu-se dos ganhos que a privatização do sistema Telebrás trouxe para o povo brasileiro, com a democratização do acesso à internet e aos celulares, do fato de que a Vale privatizada paga mais impostos ao governo do que este jamais recebeu em dividendos quando a empresa era estatal, de que a Embraer, hoje orgulho nacional, só pôde dar o salto que deu depois de privatizada, de que essas empresas continuam em mãos brasileiras, gerando empregos e desenvolvimento no país.
Esqueceu-se de que o país pagou um custo alto por anos de "bravata" do PT e dele próprio.
Esqueceu-se de sua responsabilidade e de seu partido pelo temor que tomou conta dos mercados em 2002, quando fomos obrigados a pedir socorro ao FMI — com aval de Lula, diga-se — para que houvesse um colchão de reservas no início do governo seguinte.
Esqueceu-se de que foi esse temor que atiçou a inflação e levou seu governo a elevar o superávit primário e os juros às nuvens em 2003, para comprar a confiança dos mercados, mesmo que à custa de tudo que haviam pregado, ele e seu partido, nos anos anteriores.
Os exemplos são inúmeros para desmontar o espantalho petista sobre o suposto "neoliberalismo" peessedebista. Alguns vêm do próprio campo petista.
Vejam o que disse o atual presidente do partido, José Eduardo Dutra, ex-presidente da Petrobras, citado por Adriano Pires, no Brasil Econômico de 13/1/2010:
"Se eu voltar ao parlamento e tiver uma emenda propondo a situação anterior (monopólio), voto contra. Quando foi quebrado o monopólio, a Petrobras produzia 600 mil barris por dia e tinha seis milhões de barris de reservas. Dez anos depois produz 1,8 milhão por dia, tem reservas de 13 bilhões. Venceu a realidade, que muitas vezes é bem diferente da idealização que a gente faz dela".
O outro alvo da distorção petista refere-se à insensibilidade social de quem só se preocuparia com a economia.
Os fatos são diferentes: com o Real, a população pobre diminuiu de 35% para 28% do total. A pobreza continuou caindo, com alguma oscilação, até atingir 18% em 2007, fruto do efeito acumulado de políticas sociais e econômicas, entre elas o aumento do salário mínimo.
De 1995 a 2002, houve um aumento real de 47,4%; de 2003 a 2009, de 49,5%. O rendimento médio mensal dos trabalhadores, descontada a inflação, não cresceu espetacularmente no período, salvo entre 1993 e 1997, quando saltou de R$ 800 para aproximadamente R$ 1.200. Hoje se encontra abaixo do nível alcançado nos anos iniciais do Plano Real.
Por fim, os programas de transferência direta de renda (hoje Bolsa Família), vendidos como uma exclusividade deste governo. Na verdade, eles começaram em um município (Campinas) e no Distrito Federal, estenderam-se para estados (Goiás) e ganharam abrangência nacional em meu governo.
O Bolsa Escola atingiu cerca de cinco milhões de famílias, às quais o governo atual juntou outras seis milhões, já com o nome de Bolsa Família, englobando em uma só bolsa os programas anteriores.
É mentira, portanto, dizer que o PSDB "não olhou para o social". Não apenas olhou como fez e fez muito nessa área: o SUS saiu do papel à realidade; o programa da Aids tornou-se referência mundial; viabilizamos os medicamentos genéricos, sem temor às multinacionais; as equipes de Saúde da Família, pouco mais de 300 em 1994, tornaram-se mais de 16 mil em 2002; o programa "Toda Criança na Escola" trouxe para o ensino fundamental quase 100% das crianças de 7 a 14 anos.
Foi também no governo do PSDB que se pôs em prática a política que assiste hoje a mais de três milhões de idosos e deficientes (em 1996, eram apenas 300 mil).
Eleições não se ganham com o retrovisor. O eleitor vota em quem confia e lhe abre um horizonte de esperanças. Mas, se o lulismo quiser comparar, sem mentir e sem descontextualizar, a briga é boa. Nada a temer.
Inicio este com um artigo do ex-Presidente da República, Fernando Henrique Cardoso.
Sem medo do Passado
Fernando Henrique Cardoso
O presidente Lula passa por momentos de euforia que o levam a inventar inimigos e enunciar inverdades. Para ganhar sua guerra imaginária distorce o ocorrido no governo do antecessor, autoglorifica-se na comparação e sugere que, se a oposição ganhar, será o caos.
Por trás dessas bravatas está o personalismo e o fantasma da intolerância: só eu e os meus somos capazes de tanta glória. Houve quem dissesse "o Estado sou eu". Lula dirá: "o Brasil sou eu!" Ecos de um autoritarismo mais chegado à direita.
Lamento que Lula se deixe contaminar por impulsos tão toscos e perigosos. Ele possui méritos de sobra para defender a candidatura que queira. Deu passos adiante no que fora plantado por seus antecessores. Para que, então, baixar o nível da política à dissimulação e à mentira?
A estratégia do petismo-lulista é simples: desconstruir o inimigo principal, o PSDB e FHC (muita honra para um pobre marquês...). Por que seríamos o inimigo principal? Porque podemos ganhar as eleições.
Como desconstruir o inimigo? Negando o que de bom foi feito e apossando-se de tudo que dele herdaram como se deles sempre tivesse sido. Onde está a política mais consciente e benéfica para todos? No ralo.
Na campanha haverá um mote — o governo do PSDB foi "neoliberal" — e dois alvos principais: a privatização das estatais e a suposta inação na área social.
Os dados dizem outra coisa. Mas, os dados, ora os dados... O que conta é repetir a versão conveniente.
Há três semanas, Lula disse que recebeu um governo estagnado, sem plano de desenvolvimento. Esqueceu-se da estabilidade da moeda, da lei de responsabilidade fiscal, da recuperação do BNDES, da modernização da Petrobras, que triplicou a produção depois do fim do monopólio e, premida pela competição e beneficiada pela flexibilidade, chegou à descoberta do pré-sal.
Esqueceu-se do fortalecimento do Banco do Brasil, capitalizado com mais de R$ 6 bilhões e, junto com a Caixa Econômica, libertados da politicagem e recuperados para a execução de políticas de Estado.
Esqueceu-se dos investimentos do programa Avança Brasil, que, com menos alarde e mais eficiência que o PAC, permitiu concluir um número maior de obras essenciais ao país.
Esqueceu-se dos ganhos que a privatização do sistema Telebrás trouxe para o povo brasileiro, com a democratização do acesso à internet e aos celulares, do fato de que a Vale privatizada paga mais impostos ao governo do que este jamais recebeu em dividendos quando a empresa era estatal, de que a Embraer, hoje orgulho nacional, só pôde dar o salto que deu depois de privatizada, de que essas empresas continuam em mãos brasileiras, gerando empregos e desenvolvimento no país.
Esqueceu-se de que o país pagou um custo alto por anos de "bravata" do PT e dele próprio.
Esqueceu-se de sua responsabilidade e de seu partido pelo temor que tomou conta dos mercados em 2002, quando fomos obrigados a pedir socorro ao FMI — com aval de Lula, diga-se — para que houvesse um colchão de reservas no início do governo seguinte.
Esqueceu-se de que foi esse temor que atiçou a inflação e levou seu governo a elevar o superávit primário e os juros às nuvens em 2003, para comprar a confiança dos mercados, mesmo que à custa de tudo que haviam pregado, ele e seu partido, nos anos anteriores.
Os exemplos são inúmeros para desmontar o espantalho petista sobre o suposto "neoliberalismo" peessedebista. Alguns vêm do próprio campo petista.
Vejam o que disse o atual presidente do partido, José Eduardo Dutra, ex-presidente da Petrobras, citado por Adriano Pires, no Brasil Econômico de 13/1/2010:
"Se eu voltar ao parlamento e tiver uma emenda propondo a situação anterior (monopólio), voto contra. Quando foi quebrado o monopólio, a Petrobras produzia 600 mil barris por dia e tinha seis milhões de barris de reservas. Dez anos depois produz 1,8 milhão por dia, tem reservas de 13 bilhões. Venceu a realidade, que muitas vezes é bem diferente da idealização que a gente faz dela".
O outro alvo da distorção petista refere-se à insensibilidade social de quem só se preocuparia com a economia.
Os fatos são diferentes: com o Real, a população pobre diminuiu de 35% para 28% do total. A pobreza continuou caindo, com alguma oscilação, até atingir 18% em 2007, fruto do efeito acumulado de políticas sociais e econômicas, entre elas o aumento do salário mínimo.
De 1995 a 2002, houve um aumento real de 47,4%; de 2003 a 2009, de 49,5%. O rendimento médio mensal dos trabalhadores, descontada a inflação, não cresceu espetacularmente no período, salvo entre 1993 e 1997, quando saltou de R$ 800 para aproximadamente R$ 1.200. Hoje se encontra abaixo do nível alcançado nos anos iniciais do Plano Real.
Por fim, os programas de transferência direta de renda (hoje Bolsa Família), vendidos como uma exclusividade deste governo. Na verdade, eles começaram em um município (Campinas) e no Distrito Federal, estenderam-se para estados (Goiás) e ganharam abrangência nacional em meu governo.
O Bolsa Escola atingiu cerca de cinco milhões de famílias, às quais o governo atual juntou outras seis milhões, já com o nome de Bolsa Família, englobando em uma só bolsa os programas anteriores.
É mentira, portanto, dizer que o PSDB "não olhou para o social". Não apenas olhou como fez e fez muito nessa área: o SUS saiu do papel à realidade; o programa da Aids tornou-se referência mundial; viabilizamos os medicamentos genéricos, sem temor às multinacionais; as equipes de Saúde da Família, pouco mais de 300 em 1994, tornaram-se mais de 16 mil em 2002; o programa "Toda Criança na Escola" trouxe para o ensino fundamental quase 100% das crianças de 7 a 14 anos.
Foi também no governo do PSDB que se pôs em prática a política que assiste hoje a mais de três milhões de idosos e deficientes (em 1996, eram apenas 300 mil).
Eleições não se ganham com o retrovisor. O eleitor vota em quem confia e lhe abre um horizonte de esperanças. Mas, se o lulismo quiser comparar, sem mentir e sem descontextualizar, a briga é boa. Nada a temer.
Assinar:
Postagens (Atom)